Quando a aprovação não vem: como (re)elaborar a reprovação e seguir firme no propósito
Psicólogo do Ceisc, Vitor Mueller, aponta dicas sobre como lidar com a reprovação no Exame de Ordem Unificado.
(Re)elaborando a reprovação
Falar sobre perdas e falhas, no mundo contemporâneo, se tornou uma tarefa difícil. Vivemos tempos de hipervalorização das vitórias, no qual se estima que todo processo preparatório se torna garantia de vencer. Essa premissa está sendo transmitida diariamente, seja nas redes ou nas relações, e vem gerando um sentimento coletivo de individualização e culpabilização pelas derrotas da vida, desconsiderando demais fatores que possam ter levado ao desfecho indesejado. As chances de perder foram levadas a um espaço de tabu, onde não se pode fazer menção ao assunto, como se fosse “atrair” pelo poder do uso da palavra ou do pensamento.
Muitas vezes, somos levados a esquecer que as perdas fazem parte do nosso cotidiano, pois cada dia que passa é um dia que não pode ser reaproveitado, pois o tempo corre somente para frente. Neste sentido, a partir da falta de orientação e pensamento crítico em como iremos organizar o aproveitamento desse tempo e das experiências vividas nele, ficamos à mercê de gastá-lo, e não o aproveitar.
Mas o que isso tem a ver com o Exame da Ordem? Absolutamente tudo. A execução da prova, e possíveis consequentes resultados, são fatores atravessados por um extenso processo de preparação, durante meses de empenho e deslocamento de muita energia, de sonhos criados e projetados a partir da aprovação, ponto que todos almejam. Porém, nesse processo, pouco é lembrado da reprovação como possível desfecho, afinal, estamos orientados em reproduzir comportamentos focados na aprovação, e naturalmente criamos expectativas em acordo com essa projeção.
Nesta medida, a reprovação, por muitos, é colocada no espaço de assunto proibido, ou tabu, conforme citado anteriormente. O direcionamento da reprovação a este espaço nos leva a um mundo irreal, onde não existe a possibilidade dela, e consequentemente não nos prepara para este possível cenário, gerando maiores dificuldades de gerenciar emocionalmente, e agir de forma autenticamente responsável frente a ele.
O que podemos pensar, então, como forma para lidar com este cenário, e seus sentimentos que o acompanham?
Aceitação
O processo de aceitação da reprovação se torna fundamental para ser atravessado. O choque com assumir e aceitar esse fato pode suscitar complexas emoções e pensamentos, e de duração extremamente pessoal, alguns demorando mais tempo para elaborar, outros menos. Entretanto, a medida desta quantidade de tempo de aceitação também é tarefa de alta responsabilidade, visto que pode ser usada como ferramenta para procrastinação, e consequentemente nos distanciando novamente do objetivo desejado: a aprovação.
Reelaboração do plano
É importante lembrar que, para toda longa jornada com uma missão final, será necessário um plano consistente e potencialmente eficaz para seu sucesso. Neste sentido, o plano para a aprovação levará em consideração variados fatores internos e externos, que podem ser potencialmente manejados para suficientemente contemplarem os fundamentais requisitos para o objetivo final. Podemos pensar na reavaliação dos possíveis erros cometidos no processo anterior, e dessa forma levantar pontos interessantes a serem avaliados para recalcular a rota rumo ao objetivo. Entre exemplos, podemos citar: o autocuidado com a saúde; a higienização do sono; o seguimento da metodologia e tempo de dedicação às aulas; o desenvolvimento de recursos emocionais para manejar a responsabilidade com este longo compromisso; o desenvolvimento da rede de apoio para auxiliar nos dias de cansaço e desânimo, entre outros.
Relembrar motivações
Nossas aspirações e projeções ao futuro podem ser as principais armas para gerar movimento, este traduzido em comprometimento ao processo de estudos. Estudar é uma tarefa complexa, que envolve o manejo de diferentes funções em nosso cérebro, como memória, concentração e raciocínio lógico. Estas, podem ser potencializadas a partir da rememoração dos nossos principais desejos associados a aprovação, visto que irão gerar um efeito neuroquímico no corpo que incentivará à persistência e continuidade nesta tarefa. Neste sentido, é interessante manter as motivações frescas na memória, podendo estar dispostas em lugares que frequentemente olhamos (post-it nos espaços que ocupamos diariamente, na tela de fundo do celular e computador), ou nos momentos pré-estudos, através de um ritual para relembrar o motivo pelo qual estamos em frente àqueles materiais e gerar movimento.
Por fim, é fundamental lembrar que, a cada dia que passa, ficamos mais resistentes, nossas motivações ficam mais fortes, e vamos nos reencontrando com nossa própria força, e reencontrando um novo caminho para a possível aprovação.
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